Mensagem Episcopal de Ano Novo - D.Robinson
2009 está chegando ao fim!
Mais um ano se vai, com o fiasco da Conferência de Copenhagen sobre o Clima. Em breve, os ursos polares precisarão usar protetor solar. O mundo continua a ser dominado por donos, com alguns mais donos do que os outros. A História, sempre em movimento, parece continuar fechada em termos de utopias, de alternativas para a presente (des)ordem de coisas.
Enquanto isso, a educação, a saúde e a segurança pública do nosso País é uma ficção de mau gosto. Milhões de compatriotas vivendo na miséria e na dependência do paternalismo governamental, quem tem uns trocados para comer é promovido a uma hipotética “classe média”, a corrupção – impune – atinge todos os ramos e níveis do Poder; a imprensa continuar a manipular, o mito do “super-líder”, turbinado por um filme meloso continuando pairando acima da vida concreta, com a oposição sem alternativas e todos sem um projeto nacional. O crack vai dizimando vidas, destruindo famílias, ameaçando o tecido nacional, nos fazendo ter saudades dos tempos que tínhamos apenas craques...
2009 deixa, para 2010, muitas pendências a resolver. Serão resolvidas?
E nossas vidas? Como peregrinos, vamos nos distanciando do nascimento e nos aproximando da morte, com a esperança e a possibilidade de, a cada ano, renascermos.
Mais do que uma convenção, uma mudança no calendário, o tempo é concreto em sua entropia: todos ficamos mais velhos, embora nem todos fiquemos mais maduros. Queremos avaliar, dar um balanço existencial, tomar decisões, mudar, crescer, amadurecer? Nem sempre. Pois isso sempre implica em um preço que poderemos não querer pagar.
“...deixando para trás as coisas que para trás ficam...”, nos aconselha o apóstolo das gentes: “...eis que tudo se faz novo...”, é a mensagem de esperança em Cristo Jesus, pelo poder do Espírito Santo, que é espírito de poder.
Fim de Ano é tempo de avaliação, é tempo de ação de graças, é tempo de estabelecer novas metas para o ano entrante.
Quão triste e enfadonha é a sucessão de dias sem significado!
Ninguém está aqui nessa terra e nesse tempo por um acaso. Estamos todos sob a Providência Divina e sob a Graça Comum, com um objetivo existencial proposto pelo céu e nem sempre aceito e vivenciado por nós. Para o Povo de Deus, sob o Pacto da Graça, há mais do que propósitos, há uma missão, com nossos dons e vocações.
2010 já é quase uma realidade, e será uma nova oportunidade que nos é dada por Deus. Seria tão bom não desperdiçá-la!
No dia 31, à meia noite, como faço há quase meio século, espero estar, como milhões de brasileiros de norte a sul, no santuário de uma das nossas Paróquias, cultuando ao Senhor, rededicando a vida. Posso convidá-lo(a) a fazer o mesmo, em sua cidade e em seu bairro?
Como pessoa, como bispo, como parte da família humana, de uma família biológica e da família da fé, tenho muito que agradecer por 2009, e a esperar por 2010.
Desejo a todos os meus amados amigos e irmãos na fé, da nossa Diocese e de outras confissões de fé, de todo o Brasil, um abençoado novo tempo em 2010. Que o Senhor do Universo, Senhor da Igreja e Senhor das nossas vidas os abençoe ricamente!
+ Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano
Diocese do Recife Comunhão Anglicana
Ponto Missionário da Igreja Anglicana - Diocese do Recife / Comunhão Anglicana (www.dar.org.br)
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
domingo, 27 de dezembro de 2009
A Árvore de Natal é Protestante
Reflexão Episcopal - D. Robinson Cavalcanti
A arte é um dom de Deus, e a arte sacra é um dom de Deus e para Deus. Basta lembrar os cuidados do Senhor com a arquitetura, mobiliário e decoração do Templo, bem como as vestes sacerdotais. É lamentável a confusão entre arte sacra e idolatria feita pelos cristãos radicais iconoclastas. Isso empobrece a Liturgia, empobrece a Espiritualidade, e promove o preconceito, o sectarismo e ignorância.
Tem muito “líderes” radicais por aí “metendo o pau” em toda simbologia natalina e associando a árvore de Natal com a sua presença em cultos pagãos. É claro que árvores, como dados da natureza, são encontradas em toda a parte, e servem para todo o uso, inclusive estiveram nas culturas e cultos pré-cristãos. Mas, daí "queimar toda a árvore" é de doer...
A Árvore de Natal, tal como conhecemos hoje, e as crianças cantam: “Ó Pinheirinho de Natal”, teve origem no século XVI na residência do reformador Martinho Lutero. Foi ele quem, impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve e encimado pelas estrelas desse "céu que proclama", tomou um galho, decorou com papéis, e ornamentou a sua casa em uma noite de Natal. Essa decoração foi popularizada entre os luteranos e, depois em quase toda Cristandade.
Enquanto essa turma que prega uma “religião purgante de óleo de rícino” vai entristecendo e adoecendo as suas ovelhas, nós, os cristãos que amam a beleza e a arte (e buscamos a sanidade) vamos enfeitando nossos lares e templos com a Árvore de Natal. Afinal, nada tão protestante!
Olinda (PE), 26 de dezembro de 2009, Anno Domini.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano
Revmo. Dom Robinson Cavalcanti
Bispo Diocesano
Diocese do Recife Comunhão Anglicana
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Natal com o Aniversariante
Diante da crescente secularização da festa alusiva ao aniversário do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, com vagos votos de "Felicidades", "Boas Festas", "espírito natalino" e das decorações dos centros comerciais com Papai Noel, Xuxa, branca de neve, a Diocese do Recife está lançando a campanha Natal com o Aniversariante.
Um apelo aos seus membros e congregados, aos amigos da nossa lista e frequentadores da nossa página na internet, para que decorem suas Igrejas e casas com temas bíblicos e enviem mensagens em forma de cartão ou pela internet lembrando o verdadeiro sentido dessa data.
Os anjos proclamaram paz na terra, porque o Messias havia nascido em Belém!
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Olá Irmãos e Amigos
Durante o mês de Dezembro/09, nós tivemos uma série de mensagens: Neste natal acenda uma luz no seu coração.
Foi uma bênção. Aprendemos muito da parte do Senhor sobre - Testemunho, Coragem, Obediência, Esperança e Sabedoria.
Estamos disponibilizando 4 boletins que contém o resumo da série de mensagens para você meditar (e se edificar) ou compartilhar com parentes e amigos. Para isso clique AQUI. (baixe o arquivo e depois descompacte. Estão em formato PDF)
Deus te abençoe e neste Natal acenda a luz de Jesus em seu coração, sendo Luz para a vida de alguém.
Valdolirio Junior (DINHO)
Ministro Encarregado
Igreja Anglicana
Comunidade Pentecostes
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
O Anglicanismo (e a Diocese do Recife) Como IGREJA
Chamamos a atenção para o fato de que os sociólogos da religião, ao classificarem uma denominação como Igreja destacam um núcleo central caracterizador e convergente. Isso tem a ver com a clássica visão: “No essencial, unidade; no secundário, diversidade; em tudo, caridade”. A crise por que passa o Anglicanismo (e outros ramos do Cristianismo) reside no ataque ou na negação a esse núcleo central caracterizador. Para o liberalismo pós-moderno revisionista não haveria essenciais, tudo seria acidental (e, como tal, relativo), e que deveríamos todos viver a “caridade” dessa diversidade, sem verdades, doutrinas, espiritualidade ou ética com pretensão de verdade absoluta revelada.
Esse núcleo central tem, para nós, fontes objetivas. Em primeiro lugar as Sagradas Escrituras, e, em segundo lugar, a “fé da Igreja”, “mente da Igreja”, ou “consenso dos fiéis”, representada pela herança católica: Credo Apostólico, Credo Niceno, Credo Atanasiano, pensamentos convergentes entre si e convergentes com as Escrituras por parte dos Pais Apostólicos, dos Pais da Igreja e das decisões dos Concílios da Igreja Indivisa; e pela herança protestante: pontos convergentes entre si e com as Escrituras do pensamento dos reformadores e das Confissões de Fé reformadas. No caso particular do Anglicanismo, acrescente-se: o Livro de Oração Comum, de 1662, especialmente os XXXIX Artigos de Religião e o Ordinal, o pensamento de Cranmer e Hooker, o Quadrilátero e as Resoluções das Conferências de Lambeth. Essa herança tem sido mantida e atualizada, dentre os evangélicos, por pensadores como C.S.Lewis, Stott, Packer, Greene, e tantos outros.
Para os liberais toda essa rica herança é reduzida a “documentos históricos”, sem valor docente e autoritativo.
Mas, essas fontes objetivas apontam para um conteúdo: a pecaminosidade universal, a Santíssima Trindade, as duas naturezas de Cristo, sua encarnação, seus milagres, seus ensinos, sua morte expiatória, sua ressurreição, a Igreja, a sua segunda vinda, a nossa ressurreição e glorificação. Apontam para a conversão, para a piedade, para a santidade, para a missão. Como cristão afirmamos a autoridade das Sagradas Escrituras, e para a salvação pela Graça mediante a fé em Jesus Cristo, único caminho e não “um dos caminhos” ou “apenas o meu caminho”.
Sem essas fontes e esse conteúdo, o Anglicanismo perderia o seu núcleo central caracterizador, e deixaria de ser uma Igreja, virando uma mera sociedade religiosa.
Como temos reiteradamente afirmado, a questão central não é o homossexualismo (mera ponta do iceberg), mas essa questão de fundo, muito mais séria.
A Diocese do Recife, por seus Cânones Diocesanos e suas Resoluções Diocesanas, por seus textos confessionais “A Diocese do Recife e a Sua Doutrina”, pelos pronunciamentos do seu Bispo e do seu Clero, pelo ensino de seus ministérios, como o Cursilho, o Seminário de Vida no Espírito, ou o Curso Alfa, dentre outros, tem tido um posicionamento claro, cristalino, sobre essa dimensão confessional, teológica e espiritual da verdade emanada da herança apostólica. Tem sido reconhecida – nacional e internacionalmente – por isso, e, também, tem pago um preço por isso.
Tem tido a Diocese do Recife, também, um ensino ético claro? Somos uma das raras instituições religiosas no mundo (Anglicana ou não) a ter aprovado um documento do nível da “Ética, Santidade e Disciplina”, com mais de quatro mil exemplares distribuídos, e estudado em Seminários teológicos de outras denominações.
O caráter de Igreja para o Anglicanismo (e para a Diocese do Recife), por outro lado, pode também estar ameaçado por tendências típicas de seitas ou seitas estabelecidas, encontradas no nosso meio, ou no nosso entorno: a negação do direito à diversidade em aspectos secundários ou periféricos (inclusividade limitada), a negação a adiaforia: não pronunciamento ou não normatização em aspectos culturais, sociais, ou privados, ênfase em personalidades acima do institucional, etnocentrismo (ver a história e o mundo a partir do próprio tempo e lugar), imposição de visões oriundas de outras denominações ou de outros ministérios, nacionais ou forâneos.
E aí, temos que estar atentos para algumas lamentáveis distorções no Protestantismo: entender o livre exame como livre interpretação e não como livre acesso, presentismo-localismo (negação do consenso histórico e universal), restauracionismo, individualismo e purismo, cujo desastre está aí: a incontrolável divisão institucional.
Ou seja, todos nós estamos de acordo com a afirmação de que as Sagradas Escrituras são a fonte objetiva de verdade, em matéria de fé e vida. Dentre nós, os ortodoxos, não há o que se discutir. A questão é outra: quem interpreta o texto? Eu? O meu grupo? O meu movimento? Ou o consenso dos fiéis, em termos históricos e universais, como já apontados nesse texto? Eu? Meu grupo? Ou uma instituição histórica e mundial?
Vivi 18 anos de minha vida como fiel da Igreja de Roma, e 12 anos como fiel da Igreja Luterana (IELB). Estou a 33 anos na Igreja Anglicana. Há pontos de convergência e de divergência entre esses três segmentos da Cristandade. Não estou no Anglicanismo porque me converti nele, ou porque optei por ele por conveniência. Estou nele por opção, após estudo diligente. Esse não é um espaço perfeito, e, como pessoa e como pensador, tenho meus questionamentos. Mas, não entrei enganado, e tenho procurado participar dentro das regras do jogo (com gente atacando/ignorando essas regras, ou querendo fazer gol de mão...). Reconheço que a parte mais difícil é não abrir mão do núcleo central, e ter que conviver com diferenças no secundário e no adiáforo. Diferenças que eu, muitas vezes, gostaria de ver deslocadas do secundário e da adiaforia para o núcleo central...
Com todos os conflitos e martíria, esse é o meu lugar. Sinto-me honrado em viver o peso do Episcopado, e em fazer parte de uma frente mundial anglicana ortodoxa. Tenho aprendido muito com esses irmãos e irmãs de outros países, apenas não posso abrir mão de duas realidades que me são existencialmente marcantes: minha formação em Ciências Humanas e minha brasilidade.
Nesse processo que o Senhor da História nos reservou, vamos resistindo ao que poderia, ou de outra forma, nos tornar uma mera sociedade religiosa, uma seita ou uma seita estabelecida. Somos uma Igreja, parte daquele todo uno, santo, católico, apostólico e reformado, gerada pelo Senhor.
E que Ele nos dê convicção, discernimento, coragem e amor, sempre!
Paripueira (AL), 09 de dezembro de 2009.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano
Secretaria Episcopal
Diocese do Recife - Comunhão Anglicana
Escritório Maceió - AL
(das 8h às 13h)
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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Igrejas, Seitas Estabelecidas e Seitas
Reflexão Episcopal
Igrejas, Seitas Estabelecidas e Seitas
Uma análise das denominações cristãs pelos principais sociólogos da religião no século XX resultou em uma classificação hoje amplamente adotada:
Igrejas: possuem uma história, com mais tempo de existência; se consideram apenas uma parcela de um todo maior: o Cristianismo; possuem uma organização, normas maior, grau de institucionalização, com um núcleo doutrinário central caracterizador, convergente, círculos externos de crenças secundárias com divergências toleráveis (inclusividade), aspectos culturais tidos como “adiáforos” (não sujeitos à legislação normatizadora) incluindo usos, costumes, inserção social e vida privada;
Seitas Estabelecidas: em geral seitas na segunda ou terceira geração, já com ascensão social e educacional dos seus membros, em busca de respeitabilidade e aceitação como uma igreja, mas ainda se vendo como melhor do que as outras, ou portadora de algum componente ético ou doutrinário diferenciador superior, mantendo um certo grau de isolamento e de autoritarismo de suas lideranças, impondo normas comportamentais pessoais ou sociais aos seus membros, com um conceito limitado de privacidade, e pouco espaço para doutrinas periféricas divergentes ou para temas considerados adiáforos;
Seitas: grupos mais novos, altamente isolacionistas, tendência restauracionista (versus a “apostasia geral”), como ente “puro’, ou portador de uma nova mensagem ou nova interpretação “verdadeira”, baixa escolaridade e mobilidade social, alto grau de isolamento, tanto em relação ao Estado e à Sociedade, quanto às outras expressões do Cristianismo, tudo sem ensino e tido como central e essencial, não havendo espaço para divergências ou para aspectos adiáforos ou privacidade, antes, à semelhança das ideologias totalitárias, legislam sobre tudo, de forma uniformizante, com alto grau de controle e disciplina. Os estudiosos percebem graus maiores ou menores em cada um dos modelos, bem como a existência de segmentos minoritários internos: grupos sectários em Igrejas vs. grupos igrejistas nas seitas. O fundamentalismo legalista-moralista, o pentecostalismo e a auto-imagem de se ver como “a” Igreja pela Igreja de Roma e algumas Igrejas Orientais (e a recente intolerância liberal) são variáveis sectarizantes;
As Igrejas protestantes históricas têm tendido a se ver e a agir como Igrejas. Em seus cinco séculos reformados o Anglicanismo procurou ser uma Igreja, apesar de conjunturas e movimentos sectarizantes encontrados em seu interior ou em seu entorno.
Eis um desafio de maturidade espiritual e emocional para todos nós, anglicanos ortodoxos.
Paripueira (AL), 08 de dezembro de 2009.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano
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