sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Quaresma: Convocados à Reflexão Através do Jejum, Oração e Doação


Somos chamados nesta "Quadra Litúrgica" a revivermos a caminhada de Cristo até a consumação do seu ministério na cruz, celebrado na Semana Santa e concluída na "Ressurreição" com a grande Festa da Páscoa. Fomos, ainda, convocados pelo Escritório Diocesano de Capelanias, através da Revda. Keyla, a celebrarmos essa quadra em unidade (como cita o Rev. Quintino: "como purê de batatas do qual não se pode mais separar a mistura").
Através da Secretaria Diocesana de Intercessão quero aderir à “Campanha" e lançar mais um desafio à nossa demonstração de "unidade", que é real, estou certa disso, mas precisamos caminhar para que seja ideal, manifestada através dessa e outras iniciativas e adesões.
Na Mensagem Quaresmal do nosso Bispo D. Robinson, fomos desafiados à "penitência" no contexto social: como igreja, como nação, como família; o que nos leva a uma reflexão mais ampla.
Quero lançar, como sugestão, que representantes de cada comunidade, na pessoa de seu pastor, enviem mensagens (pequenos textos sobre o tema, orações com pedidos que atendam o contexto colocado pelo Bispo e pela Capelã).
Creio que temos muito a ganhar como Corpo de Cristo, como Diocese do Recife, como Igreja do Senhor, nesse exercício de adoração, fé, penitência e gratidão.
Essa é minha oração: “Perdoa-nos bom e misericordioso Deus, pois nem todas as vezes que ouvimos a tua voz temos sido obedientes ao teu chamado. Tantos ainda não assumiram diante de Ti o compromisso de multiplicarem os talentos recebidos, estão em dúvida ou tímidos. Fortalece-os, Bom Senhor, para que possam responder-te como teu servo Isaías: "eis-me aqui, envia-me a mim". É o que te pedimos em nome de Jesus. Amém!

Revda. Márcia Maria da Silva Coelho, Presbítera na Diocese do Recife; Secretária Diocesana de Intercessão; Ministra Encarregada do Ponto Missionário Anglicano Sarça Ardente, em Abreu e Lima-PE, no Arcediagado Norte.

Afirmando o Arrependimento

Nesse tempo de Quaresma já afirmamos a Pecaminosidade da criação caída, que a tudo, a todos e a todas as áreas atingiu no que o reformador João Calvino denomina, apropriadamente, de “depravação total”. O Pecado (maiúscula, singular) é o estado existencial básico causa dos pecados (minúscula, plural) como suas manifestações concretas e particulares, individuais e sociais/institucionais. Apesar de que cada cultura nacional ou regional e cada subcultura religiosa tenha, formal ou informalmente, criado categorias de pecados (“mortais” vs. “veniais”), tal valoração não encontra respaldo bíblico.
Ao Pecado se obtém a reação da Ira de Deus: a indignação contra o mal por parte de um Deus Santo.
Deus não quer que ninguém se perca e quer restaurar a Sua criação, visando a plenitude do Seu Reino. Há um caminho de volta, de retorno, de recomposição, de reconciliação, que passa, preliminarmente, por um requisito inegociável: o Arrependimento.
Os Profetas, levantados e inspirados por Deus, pregaram a mensagem de arrependimento às pessoas e aos povos. João, o batista, pregou a mensagem de arrependimento. Pedro respondeu aos novos convertidos no Dia do Pentecostes, que a primeira coisa que eles tinham de fazer era se arrepender.
Arrependimento não é um vago sentimento de culpa, um remorso, de fundo emocional, sem maiores consequências, podendo ser superado por exercício de catarse. Arrependimento é algo profundo e vindo do alto, existencialmente significativo. O arrependimento eficaz produz mudanças. Não há perdão sem arrependimento.
As lamentáveis controvérsias teológicas do início do século XX nos Estados Unidos (fundamentalismo vs. liberalismo; criacionismo vs. evolucionismo; evangelho individual vs. evangelho social), fragmentaram e parcializaram o conteúdo da mensagem, atingindo – mais ou menos – todos os segmentos ortodoxos protestantes norte-americanos, com desdobramentos trágicos para a saúde e a missão da Igreja. As Igrejas Orientais, a Igreja de Roma e o Protestantismo Europeu, por seu lado, foram minimamente afetados. O conceito de pecado social/institucional exige, também, um arrependimento de coletividades, como pretendeu Jonas em relação à Nínive (p.ex.).

Para que haja o necessário arrependimento, temos que ter quem anuncie a realidade do pecado e a sua exigência. E aqui entra a exposição da Lei. É evidente que nem o universalismo, o sacramentalismo, e o liberalismo, internamente, nem o secularismo, o multiculturalismo e o “politicamente correto” externamente, não irão nem afirmar a natureza do pecado nem a necessidade do arrependimento, como a Bíblia nos ensina. Parcelas do conservadorismo protestante irão apenas fazê-lo ao nível individual, silentes no social/institucional, e os liberais farão o oposto.
Há um Arrependimento (maiúscula, singular) na nossa conversão e decisão de receber a Cristo como Salvador e a segui-lo como Senhor, e arrependimentos (minúscula, plural), dos males do nosso cotidiano de falhas, todos movidos pela ação do Espírito Santo.
Arrependei-vos! Arrependamo-nos!
O nosso Rito II de Quarta-feira de Cinzas, início da quaresma, diz: “Sentimo-nos envergonhados, tristes e arrependidos dos nossos pecados”. E: “Deus nosso Pai, tu criaste-nos do pó da terra; concede que estas cinzas sejam para nós lembrança da nossa mortalidade e sinal da necessidade de arrependimento...” (LOCb).
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano

Afirmando a Pecaminosidade


Nossos primeiros pais – Adão e Eva – como “procuradores da humanidade”, assessorados por satanás, optaram por romper um relacionamento perfeito com o Criador e foram expulsos do Paraíso. Como consequência dessa Queda, desse Pecado Original, a entropia física, emocional, espiritual e moral, as enfermidades, as guerras, os conflitos e a morte, antivalores no lugar de valores, Principado das Trevas no lugar do Reino da Luz.
Vivemos no tempo e no espaço, na cultura e na história com uma natureza caída, portadora, ainda, de uma pálida imagem e atributos do Criador, porém marcada pelo portar da maldade, perdida em seus delitos e pecados.
Frei Beto descreve esse estado com uma frase: “Nascemos todos com defeitos de fabricação e data de vencimento”. Os “defeitos de fabricação” são as expressões peculiares da pecaminosidade em cada um de nós: os pecados por pensamentos, palavras, obras e omissões, contra Deus, contra o nosso próximo, contra nós mesmos e contra a criação; a “data de vencimento” é a morte física inevitável.
A Palavra de Deus nos afirma não existir uma única pessoa justa, mas que todos pecaram.
O ser humano caído detesta se confrontar com o fato da queda. Uma jovem certa vez escreveu em um jornal carioca a seguinte definição: “Pecado é dizer que o pecado existe”. Sabemos que apenas o Espírito Santo é quem convence do pecado.
Os seres pecadores, ao se associarem, criam famílias pecaminosas, cidades pecaminosas, culturas pecaminosas, regimes políticos pecaminosos, sistemas econômicos pecaminosos, ou seja, distantes ou em conflito com o projeto original do Criador, explicitado, também, na Lei e nos Estatutos revelados.
“Sou assim porque Deus me fez assim”, é a frase de desculpa para os defeitos de fabricação não assumidos.
Toda criação é defeituosa e geme por sua redenção.
Diante do males do século, dos males da igreja e dos males de cada um de nós, tomemos esse tempo de Quaresma para crescer em conscientização, e anunciar por todos os meios, com convicção, alto e bom som, a Pecaminosidade da Humanidade e do que ela cria.


+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano

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